Igreja de S. Pedro de Lourosa:
São Pedro de Lourosa é um dos mais importantes monumentos peninsulares do século X (datado epigraficamente de 912), e o facto de ter sido construído numa área teoricamente periférica e distante dos dois grandes centros civilizacionais da altura, León e Córdoba, não deve constituir indicador de menor importância. São vários os pontos de interesse desta igreja. A sua planta (ou o que podemos reconstituir do seu plano original) é uma derivação extremamente fiel dos modelos áulicos asturianos do século IX, de que Lourosa é um dos últimos capítulos artísticos
Outro ponto de interesse é a sua organização em altura, nomeadamente com a existência de uma torre sobre o cruzeiro, possivelmente com teto interior de madeira e telhado de quatro águas, e ornamentada com um friso de arcos cegos que integraria um aximez axial (REAL, 1995), solução praticamente idêntica à que vemos em São Frutuoso de Montélios, onde ainda existem os arcos, mas cujo friso integral, descoberto aquando do restauro, nunca chegou a ser reconstruido. Embora estas torres existam no mundo cristão asturiano, os seus paralelos mais imediatos situam-se na arquitetura islâmica peninsular, confirmando-se, por esta via, a contaminação de elementos andaluzes na arquitetura do Norte cristão na viragem para o século X. Lourosa evidencia-se ainda pelo seu ar classicizante.
Lourosa não é, pois, a modesta construção moçárabe que sucessivos historiadores da arte entenderam. Ela é uma obra de vulto, dotada de um programa planimétrico e volumétrico ambicioso, devido, certamente, ao estabelecimento de colonos asturianos na bacia do rio Alva.